Os resultados da Natura &Co do primeiro trimestre de 2024 foram impactados pelo recebíveis da Avon relacionados à operação da The Body Shop. A receita líquida da companhia caiu 5,7% para R$ 6,1 bilhões e o prejuízo líquido aumentou 43,3% para R$ 934,9 milhões.
O resultado não agradou ao mercado. As ações da Natura (NTCO3) estão em queda de mais de 6% na bolsa de valores brasileira. O valor de mercado da companhia agora está próximo de R$ 22,6 bilhões.
Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, Guilherme Castellan, CFO da companhia, afirmou que a empresa fez o writeoff dos recebíveis da The Body Shop. “Decidimos tomar uma postura mais conservadora e limpar algumas coisas que estavam no nosso balanço”, afirma Castellan.
Os writeoffs se referem aos recebíveis que a Avon teria que receber por ser uma produtora parceira da The Body Shop. Outra parte – mais significativa, segundo Castellan –, vem do earn out do deal envolvendo a venda da empresa para a gestora alemã Aurelius realizada em novembro do ano passado.
A Natura vendeu a operação da The Body Shop por 207 milhões de libras (cerca de R$ 1,2 bilhão) para a Aurelius. O acordo envolveu ainda um possível earn out de 90 milhões de libras (cerca de R$ 521 milhões). Para comparação: em 2017, a Natura pagou R$ 5,5 bilhões para adquirir a marca que até então pertencia à L’Oréal.
Os resultados também foram impactados pela retirada de R$ 137 milhões de caixa da operação da Natura na Argentina. “Quando não conseguimos tirar com a taxa oficial e, com isso, contabilizamos uma perda”, disse Castellan. “Mas esse impacto não vai acontecer todo o trimestre.”
Em outros números, a empresa reportou Ebitda de R$ 547,4 milhões nos três primeiros meses do ano, queda de 9,1% no período de 12 meses. A margem Ebitda ficou em 11,2% contra 10,1% do primeiro trimestre do ano passado.
Em relação ao endividamento, a Natura reportou dívida líquida de R$ 275,3 milhões para um caixa e equivalentes de caixa de R$ 4,2 bilhões (aumento em relação aos R$ 3,7 bilhões do fim do ano).
Integração da Avon
Durante a teleconferência com analistas e a entrevista coletiva, os executivos da Natura também comentaram sobre a integração das operações entre as marcas Avon e Natura no Brasil.
De acordo com Fábio Barbosa, CEO da Natura, a companhia ainda precisa fazer a integração logística entre as duas marcas para o centro de distribuição nas regiões Sul e Sudeste. “Todo o resto já está devidamente integrado”, afirmou Barbosa.
Ao mesmo tempo, Barbosa comentou que segue evoluindo o processo de uma possível separação da Avon. E acrescentou que o processo de estudo estará concluído. “Nossa estratégia é que ambas as unidades sejam viáveis”, afirma Barbosa.
O reporte de resultados do trimestre aponta que a operação da Avon Internacional teve receita de R$ 1,4 bilhão no trimestre, queda de 13,1% em 12 meses. O lucro bruto com essa divisão foi de 876,9 milhões, alta de 62,8% no período.