“Sinto-me uma pessoa extremamente capaz”, diz Fernando Fernandes | ASN Minas Gerais


Força de vontade, determinação e luta são algumas das características que marcam a caminhada de Fernando Fernandes. O atleta paralímpico e apresentador de 43 anos foi um dos palestrantes no maior evento de empreendedorismo de Minas Gerais, o E-Festival. Com a palestra “O Poder da Transformação”, trouxe um pouco sobre a sua experiência de vida pessoal e profissional.

Fernando Fernandes perdeu o movimento das pernas após sofrer um grave acidente de carro em 2009. O esporte foi a forma que ele encontrou para buscar mais qualidade de vida e seguir adiante. O atleta paralímpico foi tetracampeão mundial de paracanoagem, além de ter conquistados os títulos de tricampeão panamericano, tetracampeão Sul-americano e tetracampeão brasileiro na modalidade.

Em entrevista exclusiva à Agência Sebrae de Notícias Minas Gerais (ASN-MG), ele contou sobre a sua habilidade de se reinventar, o peso das frustrações, a importância de se promover a diversidade nas empresas e a busca de se lutar pela vida.

ASN: No Sebrae, a gente costuma usar o termo atitude empreendedora, que é a capacidade de identificar oportunidades, tomar riscos calculados e criar algo novo ou melhorar algo que já exista. A sua vida é reflexo disso. De que forma essa habilidade começou a fazer sentido na sua jornada?

Fernando Fernandes: Ela já existia desde sempre. Mas a necessidade me fez buscar e potencializar o que tinha dentro de mim. Talvez, por falta de informação, muitas vezes eu deixei esse lado empreendedor afastado e, no momento de necessidade, vi que tinha um potencial muito grande dentro de mim e que eu poderia despertar. Às vezes, muita gente tem isso dentro dela e talvez o meio que você vive, o teu entorno, não te faz potencializar isso. Então eu passei a entender que para potencializar esse meu lado empreendedor e tudo que eu tinha aqui dentro de mim, eu precisava também tá cercado de pessoas que me levassem a isso. Esse foi um importante caminho, quando comecei a prestar mais atenção nas minhas escolhas e naquilo que me cercava.

Fernando Fernandes perdeu o movimento das pernas após acidente de carro em 2009. Crédito: Samuel Martins

ASN: A sua história de vida é inspiradora e nos mostra como é possível se reinventar ao longo do caminho. Para aqueles que empreendem, muitas vezes a mudança de rota também é necessária. Qual dica você daria para os empreendedores que precisam lidar com frustrações, remodelar ou até mesmo desejam mudar o rumo do seu negócio?

F.F.: Quando a gente lida com perdas, derrotas, frustrações, muitas vezes a gente leva para o lado pessoal. E esse meu lado como atleta me ensinou que a vida não é feita só de vitórias. Então, talvez, isso tenha me feito crescer tanto no momento de maior dificuldade. Entendi que a gente tem que aprender a lidar com as pancadas da vida, com as derrotas. A gente não vive numa linha reta. A felicidade é momentânea, assim como as vitórias. É preciso saber administrar melhor as derrotas e as frustrações, porque afinal ninguém aprende só acertando.

ASN: Pesquisa recente do Sebrae Minas sobre a percepção dos donos de pequenos negócios sobre o tema diversidade, equidade e inclusão no meio corporativo revelou que mais de 60% dos empreendedores mineiros promovem a diversidade em suas empresas. Qual a importância de implantar ações nas empresas e o que elas ainda precisam fazer para promover essa cultura?

F.F.: É uma necessidade. A gente vive num país com tanta diversidade que não tem como não olhar para isso. Por muito tempo, no mundo da moda, o modelo não era uma pessoa sentada, era um cara em pé. Eu comecei também a transformar um pouco desse cenário e entender que você pode ser modelo de algo.

A grande qualidade do ser humano é a diversidade. E certas condições vão tornar a caminhada de alguns um pouco mais difícil. Mas acredito muito no poder do “tesão na vida”. Quando você passa a ter o gosto pela vida e na luta do dia-a-dia, se torna uma pessoa indestrutível, porque aprende a ser uma pessoa que gosta de lutar. A vida é uma luta constante. E há vontade até mesmo naquele dia que você tentou, se entregou, deu tudo que tinha e mesmo assim deu errado.

Eu me sinto uma pessoa extremamente capaz, apesar do mundo assinar um papelzinho que diz que sou inválido para a sociedade. A gente tem que começar a se cercar de coisas boas, de informações boas. Quando você está cercado disso, a sua mente age diferente. Na nossa cultura, ninguém te mostra o caminho, mas gostam de falar que você não vai conseguir, que tem recursos, condição física, mas não te mostram o caminho.

ASN: Quando surgiu essa vontade de empreender?

F.F: Me transformei em um empreendedor a partir do momento que eu comecei a mostrar o caminho. Poderia me sufocar na deficiência. Todo mundo sabe o quanto um cadeirante sofre de dores e com problemas de oportunidade. Agora você sabe qual é o caminho da felicidade? Qual é o caminho da vitória? Esse ninguém está mostrando. Só te mostram o caminho da dor. Tenho de mostrar que você pode vencer e se tornar uma pessoa mais forte. Isso é empreender.

Assessoria de Imprensa Sebrae Minas

Aline Reis (Stark)

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Fonte: Sebrae

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