Previ reduz participação de renda variável na carteira e tenta avançar em rota sustentável

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Em meio aos questionamentos do mercado sobre a validade de a Previ ser uma certificadora de investimentos ambientais, sociais e de governança corporativa e integridade (ASGI), o maior fundo de pensão do Brasil, com cerca de R$ 250 bilhões sob gestão, avança nessa agenda com a chegada de uma nova liderança.

Marcio Antonio Chiumento foi indicado pelo Banco do Brasil, patrocinador do fundo de pensão, para ser o novo diretor de participações e substituir Fernando Melgarejo, que está deixando a entidade para ser diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras.

“Vemos que há grande interesse do setor em seguir ASGI, mas nem todos têm a estrutura que a Previ tem e o histórico. Entendemos que temos o dever de contribuir”, afirma Chiumento ao NeoFeed, em sua primeira entrevista no novo cargo.

Desde que o NeoFeed contou com exclusividade que um dos grandes projetos da fundação era a criação de um selo ASGI para as empresas com a Previc, houve questionamentos sobre a validade de a fundação passar a ser uma certificadora e um modelo para os demais fundos de pensão.

Em razão disso, a fundação está aparando as arestas para lançá-lo. A Previ estaria repensando se apenas o seu modelo interno seria o parâmetro de certificação ou seria necessário agregar um olhar mais abrangente para o mercado. Mas o objetivo é que essas questões sejam resolvidas para lançar o selo até o fim deste ano.

A estratégia de foco de investimento ASGI ocorre em paralelo à redução da renda variável no portfólio, principalmente no plano 1 (o principal), que está em processo de compra de títulos públicos para imunizar a carteira e honrar o R$ 1,4 bilhão por mês em pagamentos de pensões. Segundo dados da fundação, hoje a exposição à renda variável está em 30%, três pontos percentuais a menos na comparação à carteira do fim de 2023.

Na quarta-feira, 7 de agosto, o presidente da Previ, João Fukunaga afirmou na abertura da 2ª edição do Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos Jurídicos da Previdência Complementar, o SIGA, um evento realizado por Previ, Fapes, Funcef, Petros, Postalis e Valia com o apoio de Abrapp, Anapar, Livelo e Previc, que a fundação alocou cerca de R$ 11 bilhões em NTN-Bs a uma taxa média de IPCA+5,9% nesse primeiro semestre aproveitando oportunidades de desinvestimento em renda variável.

O foco dos desinvestimentos estão nos papéis considerados menos rentáveis e também menos alinhados aos critérios ASGI. No entanto, é preciso priorizar os melhores momentos de saída para extrair o retorno dos investimentos. Segundo a fundação, ao longo do ano foram capturadas essas oportunidades e outras estão sendo avaliadas.

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Marcio Antonio Chiumento, diretor de participações da Previ

Institucionalmente, a Previ deu um incentivo neste ano para cumprir essa agenda. Foi adicionado às metas corporativas dos funcionários a melhoria do rating médio ponderado do portfólio.

“Já tínhamos essa premissa como direcionador no planejamento estratégico, mas ao colocar como meta individual dos executivos nós simplesmente estamos fazendo o que pedimos para as empresas fazerem, para criar incentivos de alinhamento”, diz Chiumento, que estava à frente da Unidade Estratégia Governo (UEG) do Banco do Brasil desde abril de 2023, uma área que conta com aproximadamente R$ 1 trilhão sob administração. Ele também é presidente do conselho de administração da BB Previdência.

Mas a batalha da fundação é por dados corretos e acessíveis para analisar da melhor forma os indicadores. Segundo a entidade, a transparência dos dados tem sido um critério essencial na análise das empresas, com faltas nesse sentido sendo mais punidas que a falta de evolução dos dados da companhia.

A Previ tem advogado aos reguladores e autorreguladores que é necessário que haja um padrão na divulgação de informações. Para isso, está contribuindo com a CVM para a regulação que prevê a padronização do report ASG.

A fundação é costumeiramente questionada por empresas relevantes no portfólio estarem em setores considerados mais nocivos ao meio ambiente, como Vale, Petrobras e Vibra. A fundação responde que algumas posições são históricas e que há acima de tudo um dever fiduciário em entregar a melhor rentabilidade para os participantes.

Mas que diversas dessas empresas têm trazido uma renovação de suas fontes de receita em prol de negócios mais sustentáveis no futuro. E se há alguma “tese de investimento” perseguida pela fundação é a transição energética.

A distribuidora de combustível Vibra, do qual a Previ saltou de 3% de participação para 7%, é um case de virada de chave do portfólio, com a compra da empresa de energia Comerc e da EZVolt, startup de eletromobilidade que integra seu portfólio de projetos em energias renováveis.

Como também são a empresa de maquinário Tupy, que está entrando em projetos de biobetano, e a Neoenergia, que vem ampliando o portfólio em energias renováveis.





Fonte: Agência Brasil

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