Na versão tropical da “Davos do deserto”, Esteves vende um Brasil estável aos estrangeiros

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RIO DE JANEIRO – Depois de uma semana tensa, marcada pela polêmica Medida Provisória (MP) que altera regra do PIS/Cofins, André Esteves, chairman do BTG Pactual, pintou um cenário otimista em relação às perspectivas do País para um grupo de empresários e investidores internacionais reunidos na primeira edição da “Davos do Deserto” na América Latina.

Em painel do FII Priority Summit, evento promovido pelo Future Investment Initiative Institute, entidade sem fins lucrativos do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro, Esteves destacou os avanços econômicos conquistados pelo País nos últimos anos, além da estabilidade institucional.

“No Brasil, temos uma economia equilibrada, baixa inflação, superávit comercial e grandes investimentos. É uma democracia consolidada”, disse ele nesta quarta-feira, 12 de junho.

O chairman do BTG Pactual destacou ainda que o Brasil está bem posicionado em uma série de temas que o mundo está buscando, da transição energética à segurança alimentar. “Neste novo mundo, marcado pela transição energética e a importância cada vez maior do tema de segurança alimentar, o Brasil pode oferecer ambos”, afirmou.

Tais falas aos estrangeiros reverberam em boa parte o que ele disse no último sábado, 8 de junho, durante evento do Grupo Esfera. Na oportunidade, no calor da publicação da MP do PIS/Cofins, Esteves disse que o momento econômico brasileiro é positivo e elogiou a intenção do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de deixar as finanças equilibradas.

Ele afirmou, no entanto, que o estresse recente mostra o mercado e os empresários sinalizando que “chegou num limite o aumento da carga tributária” e que, às vezes, é preciso “tirar um pouco o debate político e se concentrar na racionalidade, pois o Brasil está melhor que em qualquer momento da história”.

A MP do PIS/Cofins foi a “gota d’água” para os empresários criticarem o governo e sua política econômica, afirmando que o ajuste fiscal está vindo pelo lado da receita, com poucos avanços pelo lado das despesas.

A falta de entendimento sobre como lidar com o desequilíbrio das contas públicas tem pesado sobre a Bolsa e o dólar, que nesta quarta-feira ultrapassou a marca de R$ 5,40. O Ibovespa registrava queda de 0,94% por volta das 14h19, aos 120.489 pontos.

No evento de hoje, Esteves não fez menção à questão fiscal ou tributária. Quem passou brevemente pelo assunto foi Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Participando do mesmo painel de Esteves, ele disse apenas que é preciso lidar com o desafio fiscal, equilibrando as contas públicas, mas que o País “precisa crescer”.

Mercadante também buscou “vender” o Brasil para o público presente no FII Priority Summit, destacando o fato de o País ser uma potência agrária, sendo o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, e dono de uma matriz energética das mais limpas entre os países do G20.

“Vim aqui basicamente para dizer a vocês: escolham o Brasil”, afirmou o presidente do BNDES. “Mas, e o risco Brasil? O maior risco que vocês vão ter é querer ficar aqui.”

O tom de “pitch” do Brasil marcou a primeira metade do primeiro dia do FII Priority Summit. Na abertura do evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o País tem estabilidade “de sobra para oferecer”, tendo vencido a hiperinflação e a dívida externa.

Lula afirmou que o governo está “arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem” e que pretende tornar o Brasil, até o final do seu mandato, a sexta maior economia do mundo, no momento em que ela caminha para alcançar a oitava posição.



Fonte: Agência Brasil

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