As marcas francesas não poderiam deixar passar. Estão aproveitando a Olímpiada (e seus 15 milhões de visitantes) para capitalizar a imagem de luxo que, mundo afora, sempre esteve associada a Paris. E agora oferecem uma série de “experiências efêmeras” pelo tempo em que a França permanecer no centro das atenções globais — ou seja, até o fim dos jogos.
Maisons de champanhe, grifes de moda e até uma companhia aérea se uniram a chefs estrelados e espalharam pela cidade restaurantes, cujos cardápios vão do “simples” parisiense ao suprassumo da gastronomia francesa. Um deles, inclusive, está instalado em um spa flutuante sobre o rio Sena — os preços, claro, são dignos da ostentação. Tudo para não desperdiçar a oportunidade de estar em evidência (com toda pompa e circunstância) no maior evento esportivo do planeta.
Bem longe das pistas de voo, a Air France abriu um restaurante no museu Palais de Tokyo, um centro de arte contemporânea, situado no 16º arrondissement de Paris. O cardápio é assinado pelo chef Arnaud Lallement, três estrelas no guia Michelin com seu estabelecimento perto de Reims, cidade conhecida como “capital do champanhe.”
Batizado Como em um avião, o restaurante da companhia aérea tem como proposta oferecer um serviço semelhante ao da classe executiva. A casa só funcionará até o dia 11, quando termina a Olimpíada.
Prometendo uma “viagem gastronômica”, a € 85 (cerca de R$ 520), o cardápio é fixo e inclui as bebidas — entre elas uma taça de champanhe. Como prato principal, pernil de vitela desfiada em caldo de tomate e massa gratinada ou bacalhau fresco com alcachofra e molho acentuado com Noilly Prat, um vermute francês. As sobremesas são da chefe Nina Métayer, eleita melhor doceira do mundo no ano passado.
Como em um avião é também uma oportunidade para a companhia apresentar sua mais recente cabine business, exposta no local. Os visitantes podem ainda conhecer, via realidade virtual, o cockpit do Airbus A350, modelo de destaque dos voos de longa distância da empresa.
A marca de champanhe Moët & Chandon, do grupo de luxo LVMH, “patrocinador premium” da Olimpíada, abriu um bar/restaurante, com o chef Yannick Alleno, três estrelas no guia Michelin com o Pavillon Ledoyen, em Paris, e o 1947, do hotel Cheval Blanc, em Courchevel.
No Moët in Paris by Allénos, é possível degustar as melhores safras do champanhe da marca, com receitas criadas para harmonizar com a bebida.
O cardápio é variado e inclui até mesmo sanduíches, como o famoso “presunto-manteiga” parisiense por € 16 (quase R$ 100), o triplo do cobrado nas padarias em tempos habituais — mas não longe dos preços praticados em Paris, durante os jogos.
Há também pratos, como carne com gergelim torrado, camarões salteados e costeletas de cordeiro e um brunch aos domingos, com preço fixo de € 65 euros (R$ 400).
Não faltam, claro, coquetéis com champanhe, opções de taças e garrafas “vintage” desde 1999. A Collection Impériale Création n° 1, lançada no ano passado, em comemoração ao 280° aniversário da maison, reúne sete safras da bebida e custa € 250 (R$ 1,5 mil, aproximadamente).
A decoração colorida e florida do restaurante da Moet & Chandon foi realizada pelo estilista Charles de Vilmorin, diretor artístico da grife Rochas. O espaço funcionará um pouco além dos Jogos Paralímpicos, previstos para encerrar em 8 de setembro.
Situado no 7° distrito da capital, próximo ao museu Rodin, o local fechará as portas quando for declarado o fim oficial da colheita de uvas, etapa crucial na produção de vinho e champanhe, a partir de 22 de setembro.
Com vista para a torre
A Veuve Clicquot, também do grupo LVMH, abriu o Sun Club, no terraço da loja de departamentos Printemps para divulgar sua nova safra RICH, também na versão rosé. Localizado no sétimo andar do prédio, o lugar garante vista excepcional da cidade, incluindo a Torre Eiffel.
O cardápio com saladas, hambúrguer e outros sanduíches, como caranguejo com abacate, foi elaborado pelo chef Jean Imbert, do restaurante do hotel Plaza Athénée, com um estrela no Michelin. O Sun Club funcionará até 2 de setembro.
E que tal fazer massagem, percorrendo o Sena, e, ao mesmo tempo, provar o melhor da cozinha contemporânea francesa? A Dior relançou seu barco-spa. O cruzeiro de duas horas, a partir de € 650 euros (R$ 4 mil), oferece aulas de yoga e pilates, enquanto a embarcação passa em frente aos mais belos cartões postais do mundo.
Um dos tratamentos propostos é inspirado no trabalho de recuperação muscular dos atletas. Além de tratamentos faciais e para o corpo, há um banho de crioterapia, instalado no deck a céu aberto.
A “excursão” da Dior não é novidade. Mas é a primeira vez que a marca de luxo leva um restaurante para o cruzeiro, o Monsieur Dior sur Seine, alusão à casa que existe na butique da elegante avenida Montaigne, também com cardápio de Imbert.
O barco, que fica ancorado perto da ilha Saint-Louis, funcionará até 11 de agosto. O passeio, dependendo das opções escolhidas, pode custar até € 1,8 mil (R$ 11,1 mil).
A marca francesa AMI, com roupas no estilo “chique descontraído”, preferiu abrir um espaço temporário decorado como uma estação balneária, no telhado da Galeries Lafayette. No local, sorvetes e crepes do chef Julien Sebbag, que dirige restaurantes em Paris e Marselha.
Lojas temporárias, as chamadas pop-ups, integram uma estratégia utilizada pelas marcas já tem um tempo. Agora, porém, grandes nomes da cozinha francesa também participam dos eventos efêmeros.
Afinal, a Olimpíada é uma vitrine excepcional para Paris confirmar sua excelência na gastronomia e na moda — e se manter no topo do pódio de capital global do requinte e da sofisticação.