No PayPal, dados sobre onde e como comprar são a fronteira para avançar em publicidade

No PayPal, dados sobre onde e como comprar são a fronteira para avançar em publicidade


Não são poucos os números que sustentam o status do PayPal como uma gigante de pagamentos digitais. No primeiro trimestre de 2024, por exemplo, a empresa registrou um volume total de pagamentos (TPV) de US$ 403,9 bilhões, com 6,5 bilhões de transações e 427 milhões de usuários.

Esses e outros indicadores foram o motor para que a receita líquida de US$ 7,6 bilhões no período, alta anual de 9%. E estão agora no centro de um plano para trazer ainda mais dígitos e ganhos ao balanço da companhia americana.

O novo projeto envolve um negócio de publicidade que tem como ponto de partida justamente essa avalanche de dados. A ideia é impulsionar a divisão a partir das informações detalhadas sobre o comportamento de compra dos milhões de consumidores que utilizam os serviços da empresa.

Em um primeiro movimento nessa direção, o PayPal contratou Mark Grether como vice-presidente sênior e gerente-geral da área recém-criada. O executivo liderava os negócios de publicidade da Uber e será o responsável por estruturar a divisão na nova casa.

O PayPal não parte do zero nessa empreitada. Em janeiro, a companhia lançou seu primeiro produto no segmento. Batizado de Advanced Offers, a ferramenta usa inteligência artificial e dados da empresa para ajudar os anunciantes a alcançarem os consumidores com ofertas e descontos personalizados.

Nesse caso específico, a empresa americana só é remunerada se os usuários efetivarem a compra a partir do anúncio direcionado. Segundo a companhia, players como eBay e Zazzle já estão testando o produto.

As oportunidades identificadas pelo PayPal nessa seara não se restringem, porém, a esse ecossistema. A empresa também planeja ofertar dados – sob o consentimento dos clientes – para anunciantes que não vendem produtos em sua plataforma e querem alcançar os consumidores em outras mídias e canais.

“Se você compra produtos na web, nós sabemos quem está comprando os produtos e onde. E podemos aproveitar esses dados”, disse Grether, ao The Wall Street Journal. Ele acrescentou que essa base inclui ainda informações de consumo em lojas físicas, a partir dos usuários do cartão de crédito do PayPal.

A estratégia do PayPal em publicidade passa ainda pela veiculação de anúncios baseados em dados no Venmo, aplicativo de pagamentos com recursos de rede social adquirido pela empresa em 2013. A orientação, porém, é não sobrecarregar o canal com esse expediente.

Ao investir nessa nova frente, a companhia segue a trilha de empresa de outros setores que estão aproveitando suas bases de usuários e seus dados para a venda de anúncios segmentados. Para ficar apenas no balcão do varejo, Amazon e Walmart são alguns dos exemplos que reforçam essa tendência.

Em abril deste ano, em uma outra amostra dessa corrente, o J.P. Morgan anunciou que começaria a permitir que os anunciantes segmentassem os usuários em seu site e aplicativo com base nos históricos de transações com o banco.

No caso do PayPal, a busca por uma nova fonte de receitas acontece em um momento no qual a empresa tenta reequilibrar sua operação após os picos observados na pandemia e as quedas observadas quando o mercado voltou à normalidade.

Esse cenário foi o pano de fundo para o anúncio feito pela companhia, em janeiro, de que iria demitir cerca de 9% de seu quadro global de funcionários, como parte de um esforço para reduzir custos. Já em fevereiro, a empresa viu suas ações recuarem após divulgar seu guidance para 2024.

Na terça-feira, 28 de maio, porém, os papéis registravam alta de 1,44% na Nasdaq, por volta das 11h20 (horário local). No ano, as ações acumulam uma valorização de 1,8%. A empresa está avaliada em US$ 65,4 bilhões.



Fonte: Agência Brasil

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