Ginseng de Querência do Norte protocola pedido de reconhecimento com Indicação Geográfica | ASN Paraná


Signo distintivo. Imagem: divulgação.

O Ginseng de Querência do Norte, no Paraná, será oficialmente analisado para a conquista da Indicação Geográfica (IG), chancela concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Com o selo, que reconhece a qualidade do produto, a expectativa dos produtores locais é elevar a competitividade e expandir as vendas nacionais e exportações. O protocolo do pedido de reconhecimento foi realizado nesta quarta-feira (03) – a análise para a concessão da IG leva de seis meses a um ano.

A IG deverá ser distinguida como Denominação de Origem (DO). Definida pelo INPI, a DO compreende país, cidade, região ou localidade territorial cujo produto ou serviço possua qualidades ou características que se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

É o caso do Ginseng de Querência do Norte. A variedade cultivada no município é a Pfaffia glomerata, originária da Mata Atlântica, com média de 1,80 metro de altura e raízes que lembram a batata-baroa. Trata-se de uma planta nativa nas margens, várzeas e nas ilhas do Rio Paraná, com águas que banham Querência do Norte. Nativa da região, pode ser colhida a qualquer tempo com qualidade.

No cultivo feito pelos associados da Associação de Pequenos Agricultores de Ginseng de Querência do Norte (Aspag) tudo é manual, desde o plantio das mudas ao arranquio, realizado de forma cuidadosa para não danificar as raízes. O controle de pragas é realizado por meio da rotação de áreas e outros recursos que dispensam o uso de agrotóxicos.

Raízes de ginseng em processo de secagem. Foto: Check Films.

“A produtividade pode ser maior ou menor conforme manejo e tempo do plantio. Plantamos quando o tempo esfria, clima mais favorável. Nós fazemos a colheita após 12 meses, para garantir o princípio ativo nas raízes”, conta o agricultor Misael Nobre, que lidera a associação e ajuda a beneficiar o ginseng para venda.

Como é o caso de todos os produtores locais, a área utilizada é pequena. São em média 20 hectares no município, o que totaliza uma produção anual de 300 toneladas por ano. Quase toda a produção, mais de 95%, é exportada para países europeus e asiáticos.

“Com a pandemia, diante das dificuldades econômicas, achamos que as vendas iriam cair, mas foi ao contrário, pois os asiáticos confiam no ginseng como um aliado na saúde. Agora, estamos com uma demanda da França que exigirá que aumentemos para 30 hectares no município para poder suprir”, diz Nobre.

Os resultados contribuem com a renda de cerca de 30 famílias, entre produtores e quem atua de forma indireta na cadeia da raiz, com transporte, plantio, colheita, beneficiamento e serviços de escritório, por exemplo.

Líder da associação, Misael Nobre é um dos agricultores locais. Foto: Check Films.

A IG
O ginseng possui propriedades estimulantes e revitalizantes, apresentando potenciais benefícios à saúde, como diminuição do estresse, da fadiga e melhora da memória, sendo usado, ainda, para fins cosméticos. O trabalho para buscar o reconhecimento do produto começou há quatro anos, com a sensibilização de produtores para o potencial mercadológico da planta.

Um dos critérios para a conquista da IG, além de características locais, é provar sua qualidade. Foi realizada coleta da mesma variedade plantada em outro estado para comparação com o Ginseng de Querência do Norte.

“Quanto maior o tempo de plantio, maior é a concentração de beta-ecdisona, o princípio ativo. Com apenas um ano e meio de plantio, em relação à amostra coletada em outro estado, o nosso produto apresentou 2,5 vezes mais princípio ativo, que é o que propicia os benefícios oferecidos pela planta. Esperamos nos tornar mais competitivos no mercado nacional e conquistar novos países pelo mundo, levando nossa atividade sempre com dedicação e amor”, comenta Nobre.

Segundo a consultora do Sebrae/PR, Narliane Martins, que acompanhou os produtores nas adequações para protocolar o pedido da IG, entre as etapas trilhadas estiveram levantamento de dados, formação de comitê gestor, adequação do estatuto da associação e o desenvolvimento do signo distintivo do produto, com o nome Ginseng de Querência do Norte. Também foi desenvolvido um caderno de especificações técnicas, o que está entre as exigências do INPI.

“Além da assessoria para a conquista da IG, auxiliamos na criação de logomarca e rótulo novos, apoiamos a participação em feiras e oferecemos outros tipos de suporte, como viagens técnicas para a compreensão da importância do associativismo e inspiração em modelos de sucesso. É um grato sentimento poder contribuir para que os produtores conquistem novos mercados”, comenta a consultora.

De acordo com o secretário Municipal do Desenvolvimento Econômico de Querência do Norte, Jonatas Bernardes Peripolli, o reconhecimento colocará Querência do Norte no mapa mundial de IG, estimulando ainda mais os produtores a produzir sustentavelmente e com rentabilidade.

“Querência do Norte possui sete portos, cinco deles no Rio Paraná e dois no Rio Ivaí. Temos diversas atividades turísticas e esperamos que o ginseng faça parte de futuras rotas. A IG dará aos produtores ainda mais orgulho da atividade. E esperamos que a área cultivada e a produção cresçam, almejando uma alavancagem nos mercados interno e externo”, acrescenta Peripolli.



Fonte: Sebrae

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