A atividade apícola no Rio Grande do Norte dará um salto na qualidade e na quantidade de mel produzidas nos próximos três anos. Segundo especialista, esse é o prazo estimado para que um grupo de 300 apicultores e meliponocultores atendidos pelo Sebrae no Rio Grande do Norte elevem a produtividade em, pelo menos, 150%. A estimativa tem como base a implementação de uma série de ações a serem desenvolvidas pelo Comitê Gestor de Apicultura e Meliponocultura, criado pelo Sebrae RN, hoje (29), em Mossoró, em evento que reuniu representantes da cadeia produtiva de todas as regiões do estado.
Segundo o consultor do Sebrae-RN, Robson Raad, para alcançar resultados tão expressivos, o Comitê atuará fortemente junto aos apicultores e meliponocultores para que tenham acesso a novas técnicas de manejo e melhoramento genético. Aliadas ao elevado potencial do bioma da caatinga, elas serão capazes de produzir mudanças significativas na produtividade e na qualidade do mel.
“Aplicando as técnicas corretas, como alimentação e troca de rainhas, por exemplo, conseguimos chegar facilmente a 150% de aumento na produtividade, e fazer a atividade apícola renascer”, pontua o especialista.
Caso de sucesso
A ideia, ainda de acordo com Raad, é replicar experiências exitosas, como a vivenciada por criadores de abelha do município de Serra do Mel, Região Oeste do estado. Lá, após receber atendimento por meio das consultorias do Projeto de Apicultura e Meliponocultura do Sebrae RN, produtores viram a produtividade por colmeia saltar de 14 quilos para até 70 quilos de mel.
É o caso de Edson Moreno, apicultor e meliponocultor, que, após as intervenções e consultorias no apiário composto por 80 colmeias elevou a produtividade de 14 para 50 quilos de mel por colmeia. Otimista diante dos resultados positivos, ele investirá ainda mais no negócio.
“Quando começamos a receber as consultorias do Sebrae, recebemos uma injeção de ânimo. Em seis meses, vi a produção aumentar e agora a gente produz duas vezes no ano. O resultado foi tão bom que já compramos mais 40 colmeias”, comemora.
Ações conjuntas
Mas a atuação do Comitê Gestor de Apicultura e Meliponocultura vai além de impactar os pequenos negócios a partir da implementação de técnicas de manejo nos apiários. Também será missão observar as demandas regionais e unir todos os atores em torno de um objetivo comum, que é o fortalecimento da cadeia produtiva da apicultura.
Para isso, o colegiado reúne, além do Sebrae RN, instituições como o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banco do Nordeste (BNB), cooperativas de crédito, Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária (Idearn) e associações de produtores.
A cooperação entre as diferentes instituições possibilitará, por exemplo, acesso a crédito e um melhor aproveitamento, por parte dos criadores de abelha, de programas específicos para a comercialização, que facilitará o acesso ao mercado do mel produzido no estado.
Segundo o diretor Técnico do Sebrae RN, João Hélio Cavalcante Júnior, a cooperação ajudará, também, a compreender melhor as necessidades de quem está na ponta da cadeia produtiva e apontar medidas mais assertivas para o fortalecimento da atividade econômica.
“Muitas vezes, essas instituições que dão apoio não têm a dimensão correta daquilo que é necessário para que a atividade seja fortalecida, e, nisso, o comitê vai atuar muito forte para que a atividade econômica sofra mudanças reais e positivas, a partir da adoção de medidas mais diretas. Entendendo melhor, será feito planejamento estratégico, delegando responsabilidades. Os resultados virão”, frisa.
Próxima etapa
E é justamente um plano de ações que vai direcionar os próximos passos do Comitê Gestor. No encontro desta quarta-feira, quando da criação do colegiado, apicultores e meliponocultores elencaram as principais fraquezas e ameaças, assim como as forças e oportunidades comuns à atividade.
De posse dessas informações, o gestor do Projeto de Apicultura e Meliponocultura do Sebrae RN, Nilson Dantas, explica que será criado um plano de ação que direcionará medidas a serem adotadas pelo Comitê.
“Com base nos dados coletados nesse primeiro momento, vamos entender melhor as dores dos apicultores e meliponocultores, e, em seguida, conseguiremos traçar as melhores estratégias para atender aos grupos. Seja com transferência de tecnologia, medidas de acesso ao crédito ou acesso ao mercado, por exemplo”, destaca.
De acordo com o analista técnico do Sebrae RN Lecy Gadelha, a adoção de um planejamento estratégico deve mitigar gargalos comuns à atividade econômica.
“Vimos aqui a apresentação de diversos problemas presentes na apicultura e na meliponocultura, como acesso a crédito, desmatamento, manejo, e o comitê chega para buscar soluções e medidas que reduzam esses problemas. Por isso defendemos o trabalho coletivo, em prol dos melhores resultados e fortalecimento da atividade”, observa.
O plano de ação será apresentado no próximo encontro do comitê, que já tem data e local para acontecer. Será no dia 31 de julho, no município de Apodi que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, é o maior produtor de mel do Rio Grande do Norte.